Guias do Jalapão cobram fiscalização e alertam para riscos aos turistas
Profissionais dizem que a falta de guias regulamentados tem causado impactos ambientais na região
Por: Mavi Oliveira
07/03/2025 • 11h50 • Atualizado
Guias turísticos do Parque Estadual do Jalapão, um dos principais destinos do Tocantins, cobram do governo estadual mais fiscalização para garantir a segurança na região. Segundo eles, a falta de controle expõe os visitantes a riscos, devido à atuação de guias e agências não regulamentadas. Além disso, alertam que a ausência de medidas eficazes pode causar impactos ambientais, o que compromete a preservação do parque.
O turismólogo Otávio Augusto Nunes, conhecido como "Sheik do Jalapão", explica que, para atuar como guia, é necessário realizar um curso no Senac e obter uma licença ambiental junto ao Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins).
"A pessoa precisa ter, pelo menos, o Ensino Médio para participar do curso no Senac. Com a documentação, é possível obter a licença no Naturatins", diz, ao ressaltar que muitas pessoas têm atuado sem a devida documentação. "A fiscalização só ocorre nas dunas, onde a movimentação de turistas é maior. Em outros locais, o controle é praticamente inexistente", acrescenta.
Foto: Walker Ribeiro | Governo do Tocantins
Impactos ambientais
Segundo ele, a falta de guias regulamentados tem causado impactos ambientais. Otávio Augusto afirma que, com a melhoria no acesso ao Jalapão, turistas estão chegando com carros pequenos, o que agrava os danos ao ecossistema. Ele defende que se torne obrigatório o uso de condutores ambientais.
"Sem um guia, os turistas não se preocupam com o lixo. Nós, como guias, fazemos esse trabalho de conscientização. A presença dos guias (regulamentados) é essencial para garantir que os turistas respeitem as normas e a natureza local", frisa Otávio, em entrevista ao Manchete do Tocantins.
Além dos problemas ambientais, a ausência de regulamentação tem colocado os turistas em risco. O empresário Rafael Moraes alerta sobre golpes praticados por agências não registradas. "Já ocorreram casos em que turistas compraram pacotes turísticos no aeroporto, mas a agência não existia", revela. Para evitar fraudes, ele recomenda que os turistas verifiquem o cadastro da agência no site do Cadastur ou diretamente nos órgãos estaduais responsáveis.
Rafael também observa que há um elevado número de guias não legalizados na região. Ele ressalta que a concorrência com serviços informais, como Uber e táxis, torna mais difícil a atuação de guias e agências legalizados, o que prejudica a qualidade do turismo. "Alguns guias não se capacitam ou não seguem o processo formal para atuar", afirma.
Procurado, o governo do Tocantins não se manifestou até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto. A reportagem não conseguiu informações sobre o número de guias que atuam de forma legalizada no Jalapão.