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Bolsonaristas querem que ministro testemunhe a favor de Bolsonaro no STF

A PGR apontou que o ex-presidente Jair Bolsonaro cometeu cinco crimes

Por: Gabriel de Sousa/Estadão Conteúdo

19/02/202511h30

Deputados bolsonaristas afirmaram nesta terça-feira (18), após a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que querem que o ministro da Defesa, José Múcio, testemunhe a favor do ex-chefe do Executivo no Supremo Tribunal Federal (STF). Na semana passada, Múcio disse que recorreu a Bolsonaro para conseguir contato com os chefes das Forças Armadas.

"Não existe um crime sem o emprego das Forças Armadas, é só se atentar ao detalhe do José Múcio. Eu espero que a defesa do presidente Jair Messias Bolsonaro, meu irmão, chame o ministro da Defesa, José Múcio", afirmou o deputado Hélio Lopes (RJ), vice-líder do PL na Câmara.

Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, no último dia 10, o ministro da Defesa afirmou que teve que recorrer a Bolsonaro para conseguir ser recebido pelos comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica. Segundo Múcio, ele e o ex-presidente sempre tiveram uma "relação muito boa".

Foto: Marcelo Camargo | Agência Brasil

Foto: Marcelo Camargo | Agência Brasil


"A primeira dificuldade foi ser recebido pelos comandantes. Foi quando eu recorri ao presidente Bolsonaro, meu colega de muitos anos, sempre tivemos uma relação muito boa. E falei a ele: ‘Sou o novo ministro da Defesa e queria que você me ajudasse a fazer uma transição tranquila. Vai ser bom para o novo governo, vai ser bom para o seu governo, que está terminando’", afirmou Múcio

Em entrevista, os deputados bolsonaristas apostaram que a denúncia da PGR vai intensificar as novas manifestações convocadas por Bolsonaro, além de gerar uma cadeia de protestos populares pelo País. O ex-presidente anunciou encontros de apoiadores em 120 cidades no dia 16 de março, e deve discursar no Rio.

"A apresentação da denúncia, muito provavelmente, vai fazer com que milhões de pessoas que não iriam passem a ir para a manifestação do dia 16 de março", afirmou o deputado Ubiratan Sanderson (PL-RS).

Os parlamentares ainda classificaram a denúncia da PGR como "decisão de cunho midiático, "perseguição política" e "baseada em suposições". Os bolsonaristas ainda questionaram uma possível "estratégia" pelo fato do parecer ter sido entregue ao STF após pesquisas que atestaram a queda da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e uma vitória de Bolsonaro contra o petista na eleição presidencial.

Eles prometeram ainda que vão aumentar a pressão contra o STF em declarações feitas na tribuna da Câmara caso a Primeira Turma da Corte aceite o parecer do procurador-geral, Paulo Gonet.

A PGR apontou que Bolsonaro cometeu cinco crimes, sendo eles: dano qualificado com uso de violência e grave ameaça e deterioração do patrimônio tombado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, organização criminosa. Somadas, as penas dos crimes podem chegar a mais de 43 anos de prisão.

De acordo com a denúncia da PGR, Bolsonaro liderou uma organização criminosa "baseada em projeto autoritário de poder" e "com forte influência de setores militares". Também foi apontado como comandante da trama o ex-ministro da Defesa general Walter Braga Netto, que está em prisão preventiva.

"A organização tinha por líderes o próprio presidente da República e o seu candidato a vice-presidente, o general Braga Neto. Ambos aceitaram, estimularam, e realizaram atos tipificados na legislação penal de atentado contra o bem jurídico da existência e independência dos poderes e do Estado de Direito democrático", diz um trecho da denúncia.

O Estadão pediu manifestação da defesa do ex-presidente, mas não obteve retorno.

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