JN revela documentos sobre propina em contratos públicos no governo Carlesse
O ex-governador, que foi preso no último domingo (15), está no centro das investigações
Por: Manchete do Tocantins
18/12/2024 • 08h28 • Atualizado
O Jornal Nacional obteve documentos da Polícia Federal que detalham um esquema de pagamento de propina em troca de contratos públicos no Tocantins durante o governo de Mauro Carlesse. O ex-governador, que foi preso no último domingo (15), está no centro das investigações.
Os documentos foram encontrados em um avião interceptado em Brasília no início de dezembro. O material conecta Carlesse, filiado ao Agir, ao esquema criminoso. No mesmo domingo, o Fantástico revelou que o grupo atua em 14 estados, mantendo contratos públicos que somam R$ 824 milhões. Grande parte desses contratos, segundo a PF, apresenta indícios de superfaturamento e fraude em licitações.
No avião estavam Alex Parente, apontado como um dos líderes da organização criminosa, e Lucas Lobão, ex-coordenador do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) na Bahia. Ambos foram presos na semana passada, e a PF apreendeu R$ 1,5 milhão em espécie dentro de uma mala. Uma planilha encontrada detalha pagamentos de propina no Tocantins, incluindo seis transferências em 2024 que somam mais de R$ 2,6 milhões. Segundo os investigadores, o apelido “CAB” na planilha seria uma referência a Mauro Carlesse.
Carlesse foi preso em sua fazenda, localizada a cerca de 300 km de Palmas. Ele é acusado pelo Ministério Público de liderar uma organização criminosa no estado. De acordo com a PF, o ex-governador planejava fugir do país após a prisão de seu sobrinho, Claudinei Aparecido Quaresemin, ex-secretário de Parcerias Público-Privadas. Claudinei é acusado de administrar o pagamento de propinas no Tocantins.
Os contratos sob suspeita foram firmados durante a gestão de Carlesse, que renunciou em 2022. Uma das empresas envolvidas, a Larclean Saúde Ambiental, recebeu R$ 59 milhões em contratos no estado, todos com indícios de superfaturamento. A PF apontou irregularidades em três contratos com a Secretaria de Educação, nos quais a Larclean venceu mesmo sem apresentar as melhores propostas. Os concorrentes foram desclassificados com justificativas consideradas inconsistentes.
A investigação também revelou que um escritório de advocacia em Brasília intermediava os pagamentos de propina. O advogado de Alex Parente e Lucas Lobão informou que ainda não teve acesso ao material apreendido. Já as defesas de Mauro Carlesse e Claudinei Quaresemin não foram localizadas pelo Jornal Nacional (veja aqui a reportagem do Jornal Nacional).