'Nem Lula nem Bolsonaro representa o que nós merecemos', diz Júnior Geo
Ao Manchete do Tocantins, deputado estadual do PSDB avaliou o quadro político estadual como incerto, com a possibilidade de mudanças no governo Wanderlei
Por: Rodrigo Daniel Silva
10/02/2025 • 09h30 • Atualizado
O deputado estadual Professor Júnior Geo (PSDB) criticou o cenário político nacional em entrevista ao Manchete do Tocantins. Para ele, tanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quanto o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estão distantes do que a população realmente necessita.
O parlamentar também condenou a nomeação de Fernando Haddad (PT) como ministro da Fazenda. Em sua avaliação, a decisão foi baseada em proximidade política, e não em competência técnica, o que compromete a governança e prejudica a população mais vulnerável.
No âmbito estadual, Júnior Geo avaliou o quadro político como incerto, com a possibilidade de mudanças na gestão do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos). Ele mencionou possíveis sucessores e falou que falta consenso entre as lideranças governistas.
Sobre apoios em 2026, o tucano afirmou que sua decisão dependerá da capacidade administrativa e do compromisso do candidato a governador com uma gestão eficiente e transparente. Júnior Geo reafirmou sua intenção de disputar a reeleição para a Assembleia Legislativa e não descartou uma futura candidatura à prefeitura de Palmas em 2028.
Para ele, a política estadual ainda sofre com práticas ultrapassadas, como o coronelismo e o clientelismo, mas acredita que mudanças graduais podem transformar a realidade do Tocantins.

Professor Júnior Geo | Foto: Talita Gregório | Aleto
Confira a entrevista na íntegra:
Como o senhor analisa o cenário nacional? O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem enfrentado crises, com a do Pix, e alta dos preços dos alimentos.
Você acredita mesmo que o ministro da Economia tem capacidade para comandar a pasta? Esse é o problema, quando coloca pessoas por proximidade, questão partidária. Por mais que ele tenha formação na área, não quer dizer que ele tenha capacidade para estar na pasta. Isso tem uma série de consequências por causa de medidas equivocadas. A política econômica do governo federal é equivocada. E quem mais paga a conta? A população que mais precisa.
Tocantins é um dos poucos estados que o presidente Lula ainda não visitou neste terceiro mandato. O que pensa sobre isso?
Na verdade, o que ele deve pensar. O Tocantins não dá 1% do número de eleitores. Então, o grau de prioridade é mínimo em função de ser um estado cuja população é pequena. Em período eleitoral já não tem o hábito de estar aqui, imagine então em um período não eleitoral. É difícil.
E quem o senhor pretende apoiar? O senhor acha que o PSDB terá candidato a presidente da República?
Acredito que não. E se você me pergunta Lula ou Bolsonaro, para mim, nenhum dos dois representa o que nós merecemos. O presidente Lula está com a idade avançada. Vai perder um pouco o senso, o equilíbrio. Veja a esposa dele (Janja). Ele não tem pulso, talvez, por causa do avançar da idade para combater as atrocidades. Não tem pulso em relação à economia do país.
Há a possibilidade de o PSDB fazer fusão com o PSD. O senhor pode mudar de partido?
Mediante esse fato, sim. Se o partido for fundido ou incorporado, abre a janela (partidária) para quem te mandato. E todo ano eleitoral no mês de março para a abril tem 30 dias de janela.
Como o senhor vê a conjuntura estadual para 2026?
Muito incerta. O atual governador (Wanderlei Barbosa) não se sabe se permanece (até o fim do mandato). Se porventura, ele for afastado do cargo ou vier a ser cassado por algum motivo, Laurez (Moreira, vice-governador) torna-se uma forte opção. Na ausência do afastamento, caso o governador permaneça no cargo até o fim do ano, fica incerto quem seria a opção. Não tem consenso na base do governo. Tem momentos que se fala no presidente da Assembleia (Amélio Cayres). Tem momentos que se fala no senador (Eduardo Gomes). Tem momentos que se fala na senadora (Professora Dorinha). Eles não conseguem entrar em consenso. Todos têm seus interesses.
Os interesses particulares se sobrepõem aos interesses coletivos. O próprio governador não tem capacidade de coordenar isso. Se tivesse capacidade de gerir politicamente, ele teria feito os prefeitos das maiores cidades. Não fez Araguaína, Paraíso, Gurupi, Palmas...45% do eleitorado não tem relação com ele na gestão desses municípios.
E quem o senhor pretende apoiar para governador em 2026?
Ainda indefinido. Não conversei com nenhum dos candidatos. Ainda tenho que saber quais são as opções. Quando tiver, a gente vai conversar para saber qual a melhor opção para o estado.
Quais são os critérios que o senhor vai adotar para escolher quem apoiar para governador?
Vamos analisar se tem capacidade de gestão, se tem interesse em fazer a coisa certa, se tem experiência. Tem muita gente que quer ser governador pelo status, pelo poder, dinheiro que circula no orçamento. Não tem interesse por fazer as coisas acontecerem de forma correta. É muito complicado o nível da política que temos no estado do Tocantins. É um estado novo com práticas da política antiga. Está enraizado isso. Tem um eleitor que se vende por pouca coisa. O que mais se vende é o que mais precisa e mais paga a conta. Ainda temos uma prática do coronelismo que não se sustenta, porque nós estamos no ano de 2025. Mas não podemos desanimar nem desistir. A gente tem que fazer a nossa parte. O pouco de mudança que conseguir é muito.
Em 2026, o senhor tentará renovar o mandato de deputado estadual?
Eu vou para reeleição de deputado estadual. Vejo a necessidade de estar aqui próximo a Palmas.
O senhor foi candidato a prefeito de Palmas no ano passado e acabou não vencendo. Ainda mantém a vontade de ser prefeito?
Eu vejo a necessidade. Tem gente que acha que é sonho. Mas eu vejo a necessidade de ocupar o espaço, porque você sabe que pode contribuir muito.